terça-feira, dezembro 08, 2009

Logo ali, em Copacabana

Dani, escuta, é rápido. Sei que de repente você está esperando outra ligação, quero falar só mais uma coisa. É que domingo, na praia, arranjei um namorado. Nada sério, tu sabes, mas pude me divertir. E o homem é bem mais velho. Pode ser que tenha a idade do meu pai. Mas acho que deve ser um pouquinho mais jovem. Aconteceu assim, perguntei: você sabe me dizer em qual estação tenho que saltar para ir à praia no ponto tal? Ele me ensinou direitinho. Quando saltei e caminhei em direção à superfície, encontrei o homem de novo, dei um sorrisinho e segui. Ao chegar ao ponto da praia que desejava, o local estava repleto de pessoas. Mas sempre há espaço para uma moça bonita, não é mesmo? Tanto mais para uma jovem de biquíni mínimo, como o meu. Não te contei? Comprei um biquíni novo. E menor. Lindo. Não falta homem a me olhar. E lá caminhava eu, com o bumbum de fora, chamando de todos a atenção. Logo encontrei alguns conhecidos naquele pedaço da praia. Um moreno bonitão veio conversar comigo. Mora aqui perto, me reconheceu. Depois veio uma amiga dele. Ficamos juntos os três. Mas tudo na maior liberdade. Passei o protetor e entrei no mar uma vez. Tomei duas latas de cerveja. Ah, que arrepio, tanto o mar como, depois, a cerveja. Foi então que percebi o homem a quem pedira informação. Me acenou do quiosque. Ficou olhando pra mim um tempão. Fez sinal para que eu fosse até ele. Reparei que me convidava para acompanhá-lo no quiosque. Mas eu é que acabei fazendo que se aproximasse. Naquele momento, estava sozinha. Ele demorou um pouco, mas veio. Sentou-se ao meu lado e desfiamos uma conversa de que já nem sei qual o assunto. O homem parecia não se dar conta do meu corpo nem da minha nudez. Cheguei a pensar: o que ele está querendo? “Não entra n’água?”, instiguei. Entramos. Dentro d’água, pude senti-lo melhor. Mais uma vez fui eu que tomei a iniciativa: puxei-o pra mais perto. Agarrei o homem pela cintura. Ele envolveu meu corpo, percorreu, suave, os meus quadris. Desceu um pouco as mãos até tocar o meu biquíni. No momento pensei: “pena que não estou com um biquíni de lacinho!”. Você está rindo, Dani? Me acha maluca? Já sei, você pensa que sou tarada. Mas nada disso, só queria me divertir um pouco. Ele é tímido, sabe, muito tímido. Não tentou nada além das duas mãos na minha cintura, no máximo nos meus quadris. Eu quis que me desse um beijo. Mas lógico que nada falei. Seria demais, não? Um beijo, ainda mais dado por mim. Duvidas que não beijei o homem? Não, não beijei. Você sabe que sou atirada, mas não tive coragem. Tudo porque ele é bem mais velho do que eu. Caso fosse da minha idade, ou mesmo apenas um pouco mais velho, eu não o perdoaria. Agarraria o coitado ali mesmo. Após sairmos d’água, fui com ele ao quiosque. Disse que eu podia pedir o que quisesse. Sabes que não sou interesseira. Sou até bastante modesta. Acompanhei-o na cerveja, num tira-gosto simples, acho que batatas fritas. Antes de ir embora, peguei o número dele. Da casa e do celular. Ele mora ali mesmo, em Copacabana. Educadamente me convidou pra vir um dia de semana, jantarmos num restaurante de minha escolha, depois passearmos um pouco. O que achas, Dani? Não acreditas? Pensas que sou mentirosa? Não ficaria esse tempo todo no telefone pra falar bobagem. Mas não vou, não, Dani. Foi apenas um flerte de praia. Acho que deve ser ótimo ter um caso com ele. Mas prefiro ficar por aqui com o meu pessoal, neste bairro distante, longe da praia, longe do Rio que aparece na TV. Você iria, Dani? E logo no primeiro dia? Lembras que a tarada sou eu? Não se importaria em deixar que ele lhe tirasse o biquíni? Não sei, Dani. Tenho consciência de que teria muita vantagem, sei também que por aqui há muitas meninas que desejariam uma facilidade dessas. Você diz que sou sortuda, que não sei aproveitar as oportunidades e que meu negócio é trabalhar de garçonete, não é mesmo? Mas, Dani, o que tiver de ser vai ser. Caso meu destino seja esse homem, ele vai aparecer por aqui. Ou mesmo vou encontrá-lo novamente, ao acaso. Aí, quem sabe, me atiro nos braços dele.

Um comentário:

Críticas disse...

Sedutor o conto do começo até o fim. Sinceramente, ao entrar na água, eu, como leitor, pensei que tanto a menina como o homem teriam uma relação carnal naquele ambiente propício. Todavia,não houve "nada", ou se houve - pela estética da recepção - o leitor tem que preencher essas lacunas deixadas pela narradora-personagem. Além disso, quando esta relata à sua amiga as suas aventuras, passa no pensamento as cenas, ocorridas no recurso de flasbacks. Portanto, parabéns, Haron, pela sua capcidade imensa de "tecer" um texto. Sucessos!