Na maioria das vezes as bibliotecas, quando existem,
transformaram-se apenas em depósitos de livros didáticos, tornando os livros de
leitura inacessíveis a muitos jovens. Em alguns lugares, instalam-se no local
até mesmo monitores de TV, revelando a vitória da cultura de massa sobre
aqueles que deveriam ser seus críticos, os profissionais de educação. Outro
ponto que deixa a desejar é a falta de pessoas qualificadas para assumir tanto
a função de bibliotecário como, em escala menor, a de auxiliar de biblioteca.
Enquanto em quase todo o mundo as bibliotecas tornaram-se
locais de extremo dinamismo, com a realização de rodas de leitura, palestras de
escritores convidados, festas literárias etc., é comum, em nossas escolas,
encontrarmos nesse setor a mais absoluta inércia, ficando muitas delas fechadas
durante grande parte do horário diurno ou noturno por falta de funcionários ou
pela impropriedade do local de funcionamento. Quando, de alguma forma,
funcionam, é graças a professores que, apesar de afastados de sala de aula por
motivos de saúde, dedicam-se voluntariamente a favor da leitura.
No momento em que muitos veem a solução para o aprendizado
na presença maciça da informática nos meios educacionais, a guarda, a exposição
de livros e o estímulo pela leitura não recebem o mesmo tratamento. Muitas escolas
do município de Macaé tem pequeno espaço, insuficiente para o funcionamento de
uma biblioteca. Tanto isso é verdade, que é comum nomear o local como “sala de
leitura”. Outro problema premente é a falta de condições a muitos professores em
estimular a leitura entre seus alunos, o que muitas vezes acontece devido à
fraca estrutura física e cultural da escola.
Profissionais de educação tentam refletir, no mundo inteiro, sobre a melhor maneira de transformar a escola em local prazeroso, o que facilitaria
muito a aprendizagem. Programas de mestrado e doutorado das mais diversas
universidades têm disponibilizado recursos para a pesquisa no sentido de tornar
a educação transformadora, mas ainda esbarramos em atitudes primárias, que
revelam o amadorismo de gestões políticas. Tais administradores quando
demonstram alguma preocupação querem saber apenas sobre números, não investindo na melhoria da qualidade
do ensino.
Os gestores escolares, aproveitando o período de renovação
nos municípios proporcionado pelas últimas eleições, deveriam dedicar-se à solução dessas
questões. Não podemos nos orgulhar de uma educação de qualidade se não temos
bibliotecas nas escolas, nada podemos fazer de bom para os alunos se amontoamos
os livros em locais inadequados que chamamos de sala de leitura, muitas vezes
com funcionamento precário e com pessoal despreparado.
Governadores, prefeitos, secretários de educação e cultura,
diretores de escola e também professores precisam demonstrar que também são
leitores, exigindo a implantação de bibliotecas equipadas em todas as escolas e
zelando pelo seu bom funcionamento. Caso isso não aconteça, estarão
demonstrando falta de cultura e revelando que ocupam suas funções apenas por
interesses particulares, e não pelo bem da educação, da cultura, enfim, da construção de uma sociedade mais justa.
Um dado além: o descaso a que são relegadas as bibliotecas
das escolas públicas está se alastrando também para as chamadas salas de
informática, onde ao invés de as recentes conquistas tecnológicas proporcionarem
proveitoso avanço cultural e social acabam por revelar que os investimentos estão sendo jogados na lata de lixo.
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